quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A história de uma esteticista brasileira na Inglaterra


Em busca de um sonho – A história de uma esteticista brasileira na Inglaterra

Mercado de estética fora do Brasil
Disposta a conhecer novas culturas e países diferentes, a carioca Flávia Cristina G. de Azevedo escolheu a Inglaterra para viver novos desafios profissionais. Naquele país, o mercado de estética é bastante fechado: a atividade é exercida somente por esteticistas.
Desde muito nova, Flávia Cristina Guimarães de Azevedo já se encantava com o universo da estética. Mas foi somente quando estava na faculdade, cursando o quarto período de fisioterapia, que decidiu buscar uma oportunidade profissional nessa área.
Embora o início tenha sido como estagiária, Flávia pôde ampliar seus conhecimentos e associar os ensinamentos que aprendeu na universidade em um segmento que já apresentava grande potencial de crescimento no Brasil.
Ao longo de quase seis anos, Flávia tem trabalhado na área de dermato funcional, que visa à funcionabilidade do corpo – nesse caso dos tecidos cutâneos e subcutâneos.
Disposta a conhecer novas culturas e países diferentes, Flávia se muniu de muita coragem e decidiu sair do Rio de Janeiro para abraçar novos desafios na Inglaterra, onde vive já há dois anos. Segundo ela, o mercado de estética naquele país é bastante fechado, ou seja, a atividade é exercida somente por esteticistas. Além disso, são pouquíssimos os fisioterapeutas especializados na área e a maioria deles vem de outros países.
“Resolvi sair do País porque tinha dentro de mim uma vontade de conhecer uma cultura diferente e estava insatisfeita com a realidade profissional do fisioterapeuta no Brasil. Escolhi a Inglaterra porque tenho parente vivendo no país, que me ajudou no início. Antes de me decidir, pesquisei e estudei muito sobre as diferentes possibilidades, a fim de escolher qual seria a melhor opção. Entrar como estudante na Inglaterra foi a melhor solução. Atualmente, moro nas bordas de Londres”, revela Flávia.
Para se manter em um país tão diferente do Brasil, Flávia exerceu outras funções antes de trabalhar na sua área. “Depois de atuar como faxineira, babá e entregadora de jornais, decidi divulgar meu trabalho dentro da comunidade brasileira. Assim, consegui entrar no meu mercado. No início, tudo foi uma aventura. Entretanto, com o tempo vi que estava na hora certa de viver essa experiência. Afinal, tinha uma profissão boa para trabalhar aqui e maturidade suficiente para suportar tanta dificuldade”, acrescenta.
Valorização profissional
Atualmente, Flávia trabalha informalmente, pois ela ainda não obteve a validação de seu diploma. A carioca atende clientes em domicílio ou em sua própria residência. Sua jornada de trabalho dura em média seis horas por dia. Segundo ela, a rotina é desgastante, mas o eficiente transporte público da cidade facilita o deslocamento.
“Na Inglaterra, todo profissional tem que ser qualificado e credenciado para entrar no mercado de trabalho formal e obter seus direitos. Na área de estética, a experiência é o que mais conta, mas por eu ser formada também em fisioterapia, consegui pacientes que preferem profissionais graduados a profissionais com cursos técnicos. A confiança no trabalho, o conhecimento obtido, a linguagem usada, entre outros fatores, deixam o paciente mais seguro em relação ao serviço prestado”, esclarece.
Quanto às particularidades da atividade, Flávia explica que o trabalho é bastante semelhante ao realizado no Brasil, exceto por algumas curiosidades. Na Inglaterra, por exemplo, a maioria das massagistas não faz massagens na região do abdome.
Em se tratando da atuação dos profissionais da área de estética em Londres e no Brasil, ela garante que nosso País tem alcançado grandes avanços. “Temos uma visão muito mais segura e tentamos, ao máximo, promover a saúde para o paciente. Os profissionais brasileiros priorizam a estética mais global, que contempla o corpo e a mente”, explica.

Outra característica do mercado londrino diz respeito à valorização do profissional, que é bem maior do que no Brasil. “O custo de vida é mais alto, mas qualquer trabalho que você faça, por mais simples que ele seja, você consegue pagar o aluguel, transporte, alimentação etc. Entretanto, caso a pessoa queira morar sozinha, fica muito mais caro. É necessário ter estabilidade no trabalho para se comprometer com aluguel mensal e contrato longo. Entretanto, a vantagem é saber que seu dinheiro tem valor. Se gasta muito, mas se ganha muito bem também”, destaca.
Flávia ainda revelou que a clientela na Inglaterra tem um perfil bastante parecido em nível de exigência. A diferença é que naquele país o produto massagem é bem mais acessível do que no Brasil. “Por terem uma cultura já antiga em relação aos benefícios das massagens, bem como terem influência do Oriente, as pessoas buscam esses produtos. Por aqui, encontram-se vários tipos de pacientes, de todos os níveis sociais, de todas as idades e com diferentes objetivos. No Brasil, a maioria quer ter um corpo sem imperfeições. Na Inglaterra, a busca é mais por saúde e qualidade de vida”, acrescenta Flávia.
Plantando a semente
Confiante no futuro, a carioca diz que seu maior objetivo no momento é validar seu diploma, a fim de trabalhar registrada e se tornar uma fisioterapeuta credenciada pelo Reino Unido. “Minha expectativa é ajudar a promover a saúde. Tais objetivos ainda não foram alcançados, mas a semente está sendo plantada. Todos os meus pacientes bebem mais água do que bebiam, têm uma postura mais saudável e buscam mais qualidade de vida no seu dia a dia”, frisa.
Na opinião de Flávia, sair do Brasil para trabalhar em um país tão diferente foi uma experiência única. “Nós, brasileiros, temos uma capacidade de criar muito grande. Somos esforçados e dedicados. Sair do Brasil foi muito válido, mas é necessário ter muita coragem e certeza do que se quer. É preciso saber também que são muitas as dificuldades. Afinal, a vida não é fácil em um outro país. Além disso, não se fica rico como todos pensam. Para alcançar o sucesso fora de casa (assim como em casa), é necessário ter muita determinação e possuir objetivos muito bem focados”, aconselha.
Outra recomendação da carioca para quem pensa em atuar no exterior é conhecer bem a cultura e os costumes locais, a fim de aprender o idioma e entender como funcionam as cabeças das pessoas, dos seus governantes e de todos os profissionais da área da saúde. “Ao entender como a saúde funciona para a sociedade no país, você consegue se adaptar e se preparar para o mercado de trabalho. Mas essa é uma tarefa demorada, que acontece de forma gradativa”, finaliza Flávia.

Por Madalena Almeida – Jornalista

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